Família de jovem contaminado por ácido durante hemodiálise denuncia que laudo da morte ainda não saiu

Família espera há três meses por laudo que confirma causa da morte de jovem em clínica de hemodiálise Há três meses, a família de entregador Bruno Rodri...

Família de jovem contaminado por ácido durante hemodiálise denuncia que laudo da morte ainda não saiu
Família de jovem contaminado por ácido durante hemodiálise denuncia que laudo da morte ainda não saiu (Foto: Reprodução)

Família espera há três meses por laudo que confirma causa da morte de jovem em clínica de hemodiálise Há três meses, a família de entregador Bruno Rodrigues, de 29 anos, que morreu após complicações durante uma sessão de hemodiálise na clínica Nice Diálise, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do RJ, espera pelo laudo final do Instituto Médico Legal (IML) não foi concluído. O documento essencial para que a causa da morte seja registrada no atestado de óbito e o inquérito avance para processo judicial. Pela casa da família, as lembranças de Bruno estão por toda parte. As motos, sua maior paixão, continuam no mesmo lugar. “É difícil pra mim, todo dia é difícil. Eu vou no quarto dele, vejo as coisas dele. Hoje de manhã estava chorando”, desabafa a mãe, Renata Rodrigues Ventura dos Santos. O pai, Márcio Luiz Alves dos Santos, também sofre com a demora: “Perguntei pra ela outro dia: Renata, essa dor nunca vai passar? Só se a gente perder a memória”. Erro durante procedimento Bruno estava internado no Pronto-Socorro Central de São Gonçalo desde 22 de agosto e morreu no dia 9 de setembro, após 18 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O entregador Bruno Rodrigues Ventura dos Santos, de 29 anos Reprodução/TV Globo Um laudo preliminar do hospital aponta que ele teve rebaixamento do nível de consciência durante a sessão de hemodiálise e recebeu, de forma acidental, uma infusão de ácido peracético — substância usada para limpeza de equipamentos médicos. O caso é investigado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Laudo pendente e vida parada Sem o exame histopatológico, que analisa tecidos em microscópio, a causa da morte não consta no atestado de óbito. “É só um exame e um legista fazer o laudo. Mas já vão fazer quatro meses e tudo está parado”, lamenta Márcio. “Quem está de fora não tem noção do que a gente passa. Minha filha largou a faculdade para trabalhar, eu saí do emprego. A gente não vive, a gente sobrevive”. No dia 8 de dezembro, a Polícia Civil informou que o exame seria concluído até o fim daquela semana. Segundo a família, o prazo não foi cumprido. Questionada novamente, a assessoria de imprensa da instituição não respondeu sobre a nova data. Clínica interditada e sindicância aberta A Secretaria Estadual de Saúde informou que a clínica Nice Diálise continua interditada por irregularidades sanitárias e que todos os pacientes foram transferidos para outras unidades. O Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) abriu sindicância para apurar o caso. Clínica Nice Diálise é conveniada ao SUS Reprodução/TV Globo Ao Cremerj, um médico nefrologista da clínica, vinculada ao SUS, admitiu a falha e explicou que “uma técnica de enfermagem quebrou a rotina e infringiu o protocolo de operações padrão”. Enquanto isso, a família segue em busca de respostas. “Dizem que vai amenizar, mas cada dia é pior. A gente quer ver as coisas andarem, porque enquanto não houver processo, nada anda”, conclui Márcio.